SulAmérica perde BB
SulAmérica perde BB e reduz espaço em seguros
Valor Econômico/SP
Quarta-feira, 07 de outubro de 2009Altamiro Silva Júnior, de São Paulo
No processo de reestruturação da área de seguros do Banco do Brasil, anunciado ontem, quem saiu perdendo foi a SulAmérica. A empresa vai deixar de ser sócia na seguradora de carros do banco, a Brasilveículos. Além disso, pode também perder sua fatia de 50% na Brasilsaúde. Já a seguradora espanhola Mapfre passa a ser a nova parceira do banco para os ramos elementares, rural e vida.
O impacto para a SulAmérica será no seguro de automóveis. A seguradora tinha 30% do capital da Brasilveículos e era a responsável por todas as operações. Contava, ainda, com a força de venda das mais de 5 mil agências do banco. A Brasilveículos representa 13,5% das suas receitas consolidadas e 3,7% do lucro.
Os números da Brasilveículos eram consolidados na SulAmérica, o que, para efeito de ranking, fazia toda a diferença. Em veículos, a SulAmérica era a vice-líder, atrás apenas da Porto Seguro. O Bradesco era o terceiro. Agora, o BB, em parceria com a Mapfre, passa a ocupar o segundo lugar e a SulAmérica cai para a quarta posição. "O fim da parceria com o BB é negativo para a SulAmérica, que perderá importante canal de distribuição e ganhará um forte concorrente", afirma o analista Iago Whately, do Banco Fator.
Nada foi comentado sobre negociação para que o BB compre fatia da SulAmérica, operação que poderia deixar a seguradora em vantagem novamente. Mas, sem o BB, a SulAmérica precisaria buscar nova parceria com banco. Em recente entrevista ao Valor, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, disse que negociação dessa natureza cabia ao BB, que já era parceira da SulAmérica. O quadro pode ter mudado.
O BB e a Mapfre se associaram para criar uma nova empresa, que já nasce com prêmios de R$ 4,9 bilhões - 10% do mercado brasileiro de seguros. Além do mercado local, a nova seguradora pretende se internacionalizar, chegando a países da África, América Latina e até Estados Unidos e Japão.
Ontem não foram apresentados detalhes dessa nova empresa, como composição acionária e estrutura administrativa. Também não se falou do preço que o BB deve pagar pelas ações da SulAmérica. Segundo os executivos do BB, esses detalhes ainda estão em discussão. A única certeza é que o BB terá uma participação minoritária. A promessa é que em 60 dias a operação esteja concluída.
Junto com a Mapfre, o BB quer criar uma das maiores seguradoras do país. A meta é ter 23% do mercado até 2012. O BB quer também que a participação da seguradora no lucro do banco salte dos atuais 15% para 25% ou 30%. Segundo o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, o banco não gostava de ver seus concorrentes com fatia muito mais relevante na área. No caso do Bradesco, o segmento responde por 35% do resultado.
Por isso, começou há dois anos o processo de restruturação. Até então, o BB Banco de Investimento era o controlador das cinco seguradoras, em parceria com instituições privadas, como SulAmérica e Aliança da Bahia. O primeiro passo foi a criação de uma diretoria de seguridade, em 2007. Depois, em 2008, a compra da participação da Aliança da Bahia na Aliança do Brasil.
Segundo o vice-presidente de novos negócios do BB, Paulo Rogério Caffarelli, o banco negociou com seis seguradoras e optou por fechar com a Mapfre, que tem amplo canal de venda por corretores, enquanto o banco vende mais por agências.
Também pesou na escolha da Mapfre o fato de a seguradora espanhola ter uma parceria com o banco paulista Nossa Caixa (comprado pelo BB no ano passado) para o ramo de vida e previdência. A Mapfre Nossa Caixa foi criada em 2005, após um disputado leilão. A Mapfre ficou com 51% da operação e um contrato de exclusividade de 20 anos. A multa para o rompimento era de R$ 5 bilhões, segundo uma fonte do mercado, um valor salgado para qualquer banco desembolsar. Com a SulAmérica não havia cláusulas do tipo.
O BB promete ainda uma terceira fase do projeto de restruturação. As mudanças serão na área de saúde (Brasilsaúde), capitalização (Brasilcap) e previdência (Brasilprev). A ideia é reduzir os parceiros privados, justamente para não ter seguradoras que concorram no mercado com os produtos do próprio banco. Ontem, durante o anúncio das mudanças alguns interlocutores davam como certo que o acordo com a Mapfre se estenderia para os outros ramos.
O BB terá agora duas holdings. A BB Aliança vai controlar a Aliança do Brasil (ramos elementares e vida) e a BB Seguros as outras quatro companhias. (Colaborou Vanessa Dezem)
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